Uma peculiaridade do R que assusta muita gente é a indexação de listas.
Indexar vetores é simples, basta usar a sintaxe vetor[i]
, onde i
é o
número do elemento que você quer, mas as listas têm o problema do
colchete duplo: lista[[i]]
. Qual é a diferença entre os dois? Vamos
tentar entender de uma vez por todas.
Introdução
Se você não sabe o que é uma lista, o conceito é na verdade bastante
simples: elas funcionam como vetores, mas aceitam objetos de vários
tipos (incluindo sub-listas). Abaixo estou criando uma lista l
e
exibindo a sua estrutura com a função str()
.
l <- list(
objeto = "abc",
vetor = c(1, 2, 3),
lista = list(TRUE, FALSE)
)
str(l)
#> List of 3
#> $ objeto: chr "abc"
#> $ vetor : num [1:3] 1 2 3
#> $ lista :List of 2
#> ..$ : logi TRUE
#> ..$ : logi FALSE
Repare em algumas propriedades das listas:
Podemos nomear os seus elementos, mas também podemos deixá-los sem nome nenhum. Isso também é possível com vetores, mas por algum motivo é mais comum ver listas nomeadas.
Diferentemente de vetores, podemos colocar elementos de qualquer comprimento dentro de uma lista.
Uma lista pode ter sub-listas (e sub-sub-listas, sub-sub-sub-listas, etc.) Isso não afeta em nada o seu comportamento, mas vamos precisar aprender a fazer indexações profundas.
indexação
Acessar elementos de listas é um pouco mais complicado do que vetores. A
base é a mesma: [i]
retorna a i
-ésima posição. O problema é que, nas
listas, existe uma diferença entre a posição de um elemento e o
elemento em si.
A i
-ésima posição, em uma lista, sempre é uma lista. Para pegar o
i
-ésimo elemento, precisamos usar [[i]]
! Alternativamente, em listas
nomeadas, podemos usar ["nome"]
e [["nome"]]
(equivalente a
$nome
).
l[1]
#> $objeto
#> [1] "abc"
l[[1]]
#> [1] "abc"
l["objeto"]
#> $objeto
#> [1] "abc"
l[["objeto"]]
#> [1] "abc"
l$objeto
#> [1] "abc"
É aqui que começa o nosso problema. É conceitualmente difícil de
entender a diferença entre uma posição e um elemento, ou seja, quando
usar []
e quando usar [[]]
. Para tentar ilustrar melhor, vamos usar
a metáfora da rua.
Metáfora da rua
Vamos pensar em listas como ruas. Quando usarmos []
obteremos um
trecho da rua e quando usarmos [[]]
obteremos a família da casa
correspondente. Seguindo a lógica da metáfora, um elemento-vetor é uma
casa com vários moradores e um elemento-lista é uma vila que pode ter
várias casas dentro.
Se quisermos pegar o trecho da rua que contém a primeira casa, podemos
usar [i]
ou ["nome"]
. Ambos funcionam igual:
l[1]
l["objeto"]
Quando estamos falando de trechos da rua (segmentos da lista), podemos fazer seleções maiores. Abaixo, por exemplo, estamos selecionando as 2 últimas casas ou, alternativamente, todas as casas menos a primeira.
l[2:3]
l[c("vetor", "lista")]
l[-1]
Se quisermos selecionar os integrantes de uma casa (um elemento da
lista), aí precisamos usar [[i]]
, [["nome"]]
ou $nome
. Note que a
última opção é igual à seleção de colunas em um data frame.
l[[1]]
l[["objeto"]]
l$objeto
O processo para selecionar a família da casa 2 é idêntico, não importa que a casa 2 contém um vetor e a casa 1 contém um objeto simples.
l[[2]]
l[["vetor"]]
l$vetor
Idem para a casa 3, ou seja, a vila da nossa rua. O endereço é um só, mas dentro deste endereço temos uma nova casa 1 e uma nova casa 2.
l[[3]]
l[["lista"]]
l$lista
Se quisermos acessar a casa 1 da vila, podemos fazer indexação profunda.
Para isso, basta colocar no final da nossa expressão mais um [1]
!
Funcionaria exatamente igual se nós quiséssemos pegar o primeiro
elemento do vetor l$vetor
.
l[[3]][1]
l[["lista"]][1]
l$lista[1]
Por fim, se quisermos pegar os integrantes da casa 1 da vila, basta
adicionar um [[1]]
na nossa indexação da vila analogamente ao que
fizemos acima. No limite, não importa quantas sub-listas você tem, basta
adicionar mais colchetes duplos conforme a necessidade.
l[[3]][[1]]
l[["lista"]][[1]]
l$lista[[1]]
Deu para entender agora? Diga para gente nos comentários o que você achou desse exemplo e se você ficou com alguma dúvida. Até a próxima!