Abaixo ao rvest!

Se você estiver interessado em web scraping, considere participar do nosso workshop no dia 25/04/2020! Lá vou ensinar tudo sobre httr, xml2 e muito mais.

Se você já trabalhou com web scraping, então provavelmente você já ouviu falar de três pacotes: httr, xml2 e rvest. Talvez você não conheça ainda o xml2, mas o rvest foi por muito tempo o divulgado como o principal pacote do R para raspagem de dados. A realidade, entretanto, é que seu reinado acabou.

Como este post é voltado para pessoas que já têm um pouco de experiência com web scraping em R, não vou me alongar em explicar o que cada função do rvest faz. Meu objetivo aqui é apresentar para o leitor as principais alternativas do xml2 (e do httr) para o rvest.

O fim de uma era

Acredite, eu digo isso com muito pesar, mas o rvest está morto. Ele pode ter sido muito útil em um passado distante, mas hoje em dia a nossa melhor opção para a raspagem de dados é o bom e velho xml2.

A realidade é que o rvest nunca passou de um wrapper em torno do xml2 e do httr; esta é inclusive a sua descrição oficial: Wrappers em torno dos pacotes ‘xml2’ e ‘httr’ para facilitar o download e a manipulação de HTML e XML. Mas se o rvest está uma camada acima do xml2, então por que abandoná-lo por essa alternativa mais “rústica”?

O grande problema do rvest é que ele foi majoritariamente abandonado. É verdade que ele teve três novas atualizações em 2019, mas estas não passaram de pequenos ajustes. O último lançamento relevante do rvest (a versão 0.3.0) foi em 2015, praticamente dois séculos atrás em anos da Internet.

Nestes últimos 4 anos e pouco, o xml2 continuou sendo atualizado e acabou se tornando tão simples de usar quanto o seu aparente sucessor. Por isso, na minha opinião, hoje em dia é mais fácil aprender web scraping direto com o original.

Pequenas diferenças

A principal diferença entre os dois é que o xml2 trabalha com XPath e não seletores CSS. Na minha opinião, o XPath é muito mais poderoso que os seletores, mas a verdade é que trabalhar com ambos é praticamente igual! Quando você estiver no seu navegador explorando a estrutura HTML de uma página a ser raspada, basta clicar com o botão direito e copiar um ao invés do outro. Inclusive existem até alguns guias de conversão de um para o outro; o XPath é naturalmente mais verborrágico, mas ele compensa com algumas capacidades a mais.

Depois que você tiver se acostumado com o XPath, basta entender qual é o nome da nova função a utilizar.

rvest xml2/httr
rvest::html_session() Desnecessário com o httr
rvest::follow_link() httr::GET()
rvest::read_html() xml2::read_html()
rvest::html_nodes() xml2::xml_find_all()
rvest::html_node() xml2::xml_find_first()
rvest::html_text() xml2::xml_text()
rvest::html_table()
rvest::html_attr() xml2::xml_attr()
rvest::html_children() xml2::xml_children()
xml2::xml_parents()
xml2::xml_contents()
xml2::xml_siblings()

Como fica claro acima, o xml2 possui praticamente todas as funções que o rvest possui e mais algumas. A grande vantagem de usar o primeiro é precisar de uma dependência a menos: o rvest já importa o xml2, então porque não fazer tudo direto em xml2?

A única grande ausência do xml2 é o html_table(), mas isso pode ser facilmente corrigido com o código abaixo:

#' Parse an html table into a data frame
#'
#' @param x A node, node set or document.
#' @param header Use first row as header? If NA, will use first row if it consists of th tags.
#' @param trim Remove leading and trailing whitespace within each cell?
#' @param fill If TRUE, automatically fill rows with fewer than the maximum number of columns with NAs.
#' @param dec The character used as decimal mark.
#'
#' @export
xml_table <- function(x, header = NA, trim = TRUE, fill = FALSE, dec = ".") {
  if ("xml_nodeset" %in% class(x)) {
    return(lapply(x, xml_table, header = header, trim = trim, fill = fill, dec = dec))
  }

  stopifnot(xml2::xml_name(x) == "table")
  rows <- xml2::xml_find_all(x, ".//tr")
  n <- length(rows)
  cells <- lapply(rows, xml2::xml_find_all, xpath = ".//td|.//th")
  ncols <- lapply(cells, xml2::xml_attr, "colspan", default = "1")
  ncols <- lapply(ncols, as.integer)
  nrows <- lapply(cells, xml2::xml_attr, "rowspan", default = "1")
  nrows <- lapply(nrows, as.integer)
  p <- unique(vapply(ncols, sum, integer(1)))
  maxp <- max(p)
  if (length(p) > 1 & maxp * n != sum(unlist(nrows)) & maxp * n != sum(unlist(ncols))) {
    if (!fill) {
      stop("Table has inconsistent number of columns. ", "Do you want fill = TRUE?", call. = FALSE)
    }
  }
  values <- lapply(cells, xml2::xml_text, trim = trim)
  out <- matrix(NA_character_, nrow = n, ncol = maxp)
  for (i in seq_len(n)) {
    row <- values[[i]]
    ncol <- ncols[[i]]
    col <- 1
    for (j in seq_len(length(ncol))) {
      out[i, col:(col + ncol[j] - 1)] <- row[[j]]
      col <- col + ncol[j]
    }
  }
  for (i in seq_len(maxp)) {
    for (j in seq_len(n)) {
      rowspan <- nrows[[j]][i]
      colspan <- ncols[[j]][i]
      if (!is.na(rowspan) & (rowspan > 1)) {
        if (!is.na(colspan) & (colspan > 1)) {
          nrows[[j]] <- c(
            utils::head(nrows[[j]], i),
            rep(rowspan, colspan - 1),
            utils::tail(nrows[[j]], length(rowspan) - (i + 1))
          )
          rowspan <- nrows[[j]][i]
        }
        for (k in seq_len(rowspan - 1)) {
          l <- utils::head(out[j + k, ], i - 1)
          r <- utils::tail(out[j + k, ], maxp - i + 1)
          out[j + k, ] <- utils::head(c(l, out[j, i], r), maxp)
        }
      }
    }
  }
  if (is.na(header)) {
    header <- all(xml2::xml_name(cells[[1]]) == "th")
  }
  if (header) {
    col_names <- out[1, , drop = FALSE]
    out <- out[-1, , drop = FALSE]
  } else {
    col_names <- paste0("X", seq_len(ncol(out)))
  }
  df <- lapply(seq_len(maxp), function(i) {
    utils::type.convert(out[, i], as.is = TRUE, dec = dec)
  })
  names(df) <- col_names
  class(df) <- "data.frame"
  attr(df, "row.names") <- .set_row_names(length(df[[1]]))
  if (length(unique(col_names)) < length(col_names)) {
    warning("At least two columns have the same name")
  }
  df
}

Apesar de ser uma função bastante complicada, ela não passa de uma cópia do código de rvest::html_table() utilizando apesar funções do xml2; com isso você terá a sua própria implementação de xml_table(). E depois de uma ou duas semanas, você já estará pronto para abandonar o rvest e voltar a usar o bom e velho xml2!

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