Tratando erros: the tidy way

Tratar erros no R é importante para identificar problemas nos códigos e evitar retrabalho. Quem nunca rodou um algoritmo pesadíssimo que deu errado na última iteração? Nesse artigo, veremos como trabalhar com erros no R e a versão tidy dessas soluções.

Usando try() e tryCatch()

A forma tradicional de tratar erros no R é com a função tryCatch(). Essa função tem como primeiro argumento uma expressão a ser avaliada e argumentos diversos para trabalhar com os erros. A versão mais compacta do tryCatch() é escrita assim:

tryCatch(sqrt(1), error = function(e) e)
## [1] 1
tryCatch(sqrt('a'), error = function(e) e)
## <simpleError in sqrt("a"): non-numeric argument to mathematical function>

O try() é uma simplificação de tryCatch() que assume que não estamos interessados no erro, mas sim no resultado da função quando ela dá certo. O código abaixo não trava:

try(sqrt(1))
## [1] 1
try(sqrt('a'))
## Error in sqrt("a") : non-numeric argument to mathematical function
## Error in sqrt("a") : non-numeric argument to mathematical function

Existe até mesmo uma versão quieta do try(), usando o parâmetro silent =. Quando a expressão dá um erro, o try() retorna a mensagem de erro de forma invisível, ou seja, sem mostrar explicitamente para o usuário.

x <- try(sqrt('a'), silent = TRUE)
x
## [1] "Error in sqrt(\"a\") : non-numeric argument to mathematical function\n"
## attr(,"class")
## [1] "try-error"
## attr(,"condition")
## <simpleError in sqrt("a"): non-numeric argument to mathematical function>

Usando advérbios do purrr

Hoje em dia, o jeito mais arrumado de tratar erros é usando as funções purrr::possibly() e suas amigas, quietly() e safely(). Note que todas essas palavras são advérbios: o objetivo delas é alterar o comportamento de outros verbos (outras funções). Essa forma de pensar nos nomes das funções (funções são verbos, modificadores de funções são advérbios) faz parte do princípio tidy.

  • safely() retorna uma lista com elementos result e error. Quando a função não dá erro, error fica igual a NULL. Quando a função dá erro, error guarda a mensagem de erro e result guarda o valor do parâmetro otherwise =, que por padrão é NULL.
  • possibly() é uma versão mais otimista do safely(), que exige a definição de otherwise = e não guarda as mensagens de erro.
  • quietly() não trata erros (ou seja, ela trava quando dá erro), mas guarda informações sobre warnings e messages.
Admita, você não imaginava que teria de pensar em gramática para programar em R.

Figura 1: Admita, você não imaginava que teria de pensar em gramática para programar em R.

Vamos ver as três funções colocadas em prática. Como exemplo usaremos a função log, que i) retorna um número quando a entrada é um número positivo, ii) dá um warning quando a entrada é um número menor ou igual a zero, e iii) dá um erro se a entrada não é um número.

log(10)
## [1] 2.302585
log(-1)
## Warning in log(-1): NaNs produced
## [1] NaN
log('a')
## Error in log("a"): non-numeric argument to mathematical function

Vamos fazer as versões modificadas de log:

library(purrr)
safe_log <- safely(log) # outra forma fancy de escrever isso: log %>% safely()
possible_log <- possibly(log, otherwise = 'putz')
quiet_log <- quietly(log)

Vamos mapear os seguintes elementos nessas funções:

entradas <- list(10, -1, 'a')

Agora, os resultados:

## Esse código vai travar
map(entradas, log)
## Warning in .Primitive("log")(x, base): NaNs produced
## Error in .Primitive("log")(x, base): non-numeric argument to mathematical function
  • safely():
## Retorna uma lista com erros e resultados NULL
map(entradas, safe_log)
## Warning in .Primitive("log")(x, base): NaNs produced
## [[1]]
## [[1]]$result
## [1] 2.302585
## 
## [[1]]$error
## NULL
## 
## 
## [[2]]
## [[2]]$result
## [1] NaN
## 
## [[2]]$error
## NULL
## 
## 
## [[3]]
## [[3]]$result
## NULL
## 
## [[3]]$error
## <simpleError in .Primitive("log")(x, base): non-numeric argument to mathematical function>
  • possibly():
## Retorna uma lista com os resultados que deram certo
map(entradas, possible_log)
## Warning in .Primitive("log")(x, base): NaNs produced
## [[1]]
## [1] 2.302585
## 
## [[2]]
## [1] NaN
## 
## [[3]]
## [1] "putz"
  • quietly():
## Também trava, mesmo problema de log
map(entradas, quiet_log)
## Error in .Primitive("log")(x, base): non-numeric argument to mathematical function

## Quando funciona, retorna todos os warnings e messages
map(entradas[1:2], quiet_log)
## [[1]]
## [[1]]$result
## [1] 2.302585
## 
## [[1]]$output
## [1] ""
## 
## [[1]]$warnings
## character(0)
## 
## [[1]]$messages
## character(0)
## 
## 
## [[2]]
## [[2]]$result
## [1] NaN
## 
## [[2]]$output
## [1] ""
## 
## [[2]]$warnings
## [1] "NaNs produced"
## 
## [[2]]$messages
## character(0)

Combo com purrr e tibble

Um combo que eu gosto bastante de usar é adicionar erros do código retornado por safely() dentro de uma tibble. Uma forma de fazer isso é com o código abaixo:

library(tibble)

# adiciona um resultado default caso dê erro. No caso, NA.
safe_log2 <- log %>% safely(otherwise = NA_real_)

d_result <- entradas %>%
  map(safe_log2) %>%
  # ao invés de uma lista de tamanho 3 com 2 elementos (result e error),
  # temos uma lista de tamanho 2 (result e error) com 3 elementos.
  transpose() %>%
  # simplifica o vetor de resultados
  simplify_all() %>%
  # converte para data frame
  as_tibble()

d_result
## # A tibble: 3 × 2
##   result error     
##    <dbl> <list>    
## 1   2.30 <NULL>    
## 2 NaN    <NULL>    
## 3  NA    <smplErrr>

Assim, é possível guardar as informações dos erros de forma concisa, sem perder a informação dos erros.

E é isso. Happy coding ;)

PS: Até pouco tempo atrás eu usava a função dplyr::failwith() para fazer o mesmo que possibly(). Porém, descobri que essa função será retirada do dplyr no futuro. Então se você é um usuário de failwith(), está na hora de mudar!

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